domingo, 6 de junho de 2010

Universidade na idade adulta

O acesso à universidade na idade adulta já não é novidade. Novidade é o número de pessoas que frequentam a universidade em idades que tradicionalmente não eram comuns. No ano lectivo 2008/2009 dos 117.838 alunos matriculados pela primeira vez, 51.525 (44%) tinham mais de 23 anos. E destes, 26.196 tinham idades entre os 25 e os 34 anos, quase tantos como os 29.237 que entraram com 18 anos. E com mais de 45 anos entraram neste ano lectivo 5.447 novos alunos.

O programa + 23, criado pelo DL 64/2006, define condições específicas de avaliação e acesso ao ensino superior para pessoas que tenham mais de 23 anos, independentemente de terem ou não concluído o ensino secundário. Apesar de já desde 1979 esta modalidade ser possível (então para pessoas com mais de 25 anos e através do velhinho exame ad-hoc), desde 2006 a procura de cursos superiores por pessoas adultas tem aumentado significativamente.
Aguardar que os filhos cresçam e se tornem mais autónomos, aguardar por uma fase de maior estabilidade na vida ou simplesmenmte ir atrás de um sonho há muito adiado, podem ser algumas das razões que levam cada vez mais pessoas a apostar na formação superior depois dos 30 ou 40 anos.
A história de uma mãe de 48 anos que foi caloira com o filho na universidade de Aveiro, de um feitor de 61 anos que se licenciou em Teatro e Artes Performativas na universidade de Trás-os-Montes e de um motorista e treinador de judo de 49 anos que partilha a sala de aula do Curso de Ciências do Desporto com o filho, em Coimbra, são exemplos de pessoas que aproveitaram esta oportunidade e resolveram dar uma reviravolta às suas vidas. Atrás de sonhos, de enriquecimento pessoal ou profissional, ou de qualquer outra razão, o que é certo é que estas pessoas apostaram em si próprias e quiseram ir mais longe. À semelhança dos 51.525 novos alunos com mais de 23 anos que em Setembro de 2008 iniciaram uma nova aventura nas universidades deste país.
Em tempos de forte instabilidade e de grandes mudanças, parece que há cada vez mais pessoas atentas à novas oportunidades. Dá que pensar.
Fonte: Jornal SOL, edição nº 196 de 4 de Junho último.
Célia Silva

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