terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A importância da liderança no sucesso das organizações

"A execução da autoridade vai-se esbatendo com o tempo e com a empatia que se cria. Uma pessoa chega e mostra quem é e o que pode fazer, afirma-se e estabelece regras. A liderança toda a gente deve senti-la e ninguém a ver."



Cito José Mourinho, um dos melhores treinadores de futebol do Mundo e certamente uma das figuras portuguesas mais reconhecidas internacionalmente. Para além da sua competência técnica, sustentada num ascendente e discreto percurso de aprendizagem, acredito que o seu sucesso deriva da sua inquestionável capacidade de liderança. Voraz na defesa dos seus jogadores e das organizações onde trabalha, assume isoladamente todos os riscos em plena peleja e sabe discretamente afastar-se nos momentos de vitória e consagração. Dá o peito às balas na mais acesa refrega, distraindo com isso os adversários para o essencial da questão, ultrapassando amiúde, regras básicas de boa educação e cordialidade entre pares. Por vezes, tantas vezes, parece valer tudo. E vale. De forte personalidade, cria regras que religiosamente obriga a cumprir, independentemente da importância dos seus colaboradores e parece dizer sempre, quase sempre, o que pensa. Ou pelo menos aquilo que naquele momento e em função de um determinado objetivo lhe parece conveniente dizer. Consegue rapidamente passar do centro de todas as atenções e de todos os ódios, para momentos de máxima discrição e completa serenidade. E como ele próprio afirma, a liderança é algo para ser sentido e muito pouco para ser visto. Aprecio-o a capacidade de liderança de José Mourinho e longe de aspirar a qualquer tipo de comparação, muito me identifico com ela. Desde jovem e sobre estas coisas de mandar e ser mandado, aprendi que os colaboradores são normalmente o espelho do seu líder. E que as organizações prosperam e consolidam-se na qualidade e intensidade da sinergia que se consegue atingir. Entre uns e os outros. Se a isto adicionarmos a consciência de um projeto comum, a humildade para saber ouvir e uma denodada capacidade de trabalho, temos organização e futuro.

Francisco Vieira
(presidente da direção da Associação Empresarial Ourém – Fátima)

Testemunho de uma adulto que frequentou o RVCC

Olá!

Sou José Mendes Pereira, moro em Montelo, freguesia de Fátima, tenho 52 anos e recentemente frequentei o RVCC de nível básico.

Esta ideia de ir para a escola novamente não é nada fácil.

Por vezes formamos ideias completamente negativas acerca dos novos desafios, mesmo sem os conhecer.

Uma vez tomada a decisão, encarei o assunto com responsabilidade e lá fui eu, cabisbaixo, tímido, tal e qual como se fosse um rapazola.

Encontrei um espaço agradável, um ambiente tranquilo, de paz, alegria, onde descobri que afinal, tenho em mim, ainda bem vivas, as memórias e o jeito de rapaz de escola.

Contudo, os tempos eram outros. Já não fui encontrar os meus colegas da aldeia, mas sim um pequeno grupo, trabalhador e dinâmico, que rapidamente se soube unir, fortalecendo-se para atingir um objectivo comum a todos, chegando mesmo a fazer coisas maravilhosas.

Para eles fica aqui o meu muito obrigado, pela amizade e companheirismo.

É evidente que, apesar de sermos um grupo bom, sozinhos não chegaríamos à meta. Para que tal acontecesse, houve muito trabalho e dedicação por parte das formadoras, que foram incansáveis e muito pacientes.

É de realçar o tempo dispensado para compreender as nossas dificuldades, dedicando-nos todo o seu profissionalismo e conhecimento académico.

Para elas, em meu nome e do restante grupo, vai um grande obrigado, pela amizade e pela forma como sempre nos acolheram.

Deixo um conselho a todos os que lêem este pequeno texto: deixem um pouco o conforto das vossas casas, juntem-se a este grupo e descobrirão que há muitas coisas para aprender, quer a nível pessoal, quer a nível social.

No final, já fica um sentimento de saudade.

Talvez o futuro nos reserve um novo encontro, num novo desafio, numa outra sala, mas com os mesmos objectivos.

Obrigado a todos.

José Mendes Pereira

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Cerimónia de Entrega de Certificados do Centro Novas Oportunidades e do Centro de Formação Contínua da Insignare

Discurso do Diretor Executivo da INSIGNARE, Dr. Francisco Vieira

Breves palavras.

Cumprimento todos os presentes, com especial atenção os convidados que nos honram com a sua participação neste ato que intitularia de solene. Esta Cerimónia de Entrega de Certificados do Centro Novas Oportunidades, que nesta data comemora 10 anos de atividade, e do Centro de Formação Contínua da Insignare
Num momento em que o esforço desenvolvido ao longo desta última década é colocado em causa, quer nos seus objetivos, quer na qualidade do trabalho desenvolvido, penso ser de atenta oportunidade agradecer o empenhamento de todos aqueles que ao longo dos últimos 10 anos colaboraram no CNO da Insignare.
Para todos eles, diretores, coordenadores, formadores, profissionais de RVCC, administrativos, um muito obrigado em nome da Direção da Insignare pela dedicação que colocaram nesta causa. Sentimo-nos honrados pelo vosso desempenho, pela qualidade dos procedimentos desenvolvidos, pelas metas excelentes que sempre conseguiram atingir. Para todos e como prova de reconhecimento, peço uma calorosa salva de palmas.
Mas todo o esforço desenvolvido pelo CNO da Insignare ao longo dos últimos 10 anos, só se justifica pelo impacto positivo e pela valorização pessoal e profissional de todos aqueles que corajosamente decidiram voltar à escola e acreditaram como é importante uma constante e imensa disponibilidade para aprender. Ao longo de toda a vida.
Para todos aqueles que como vós, tiveram a coragem de voltar à Escola, peço também uma calorosa e merecida salva de palmas.
Neste momento de grande indefinição para o projeto dos Centros Novas Oportunidades, cito o grande líder chinês, Mao Tse-Tung:
“A autossatisfação é inimiga do estudo. Se queremos realmente aprender alguma coisa, devemos começar por libertar-nos disso. Em relação a nós próprios devemos ser ‘insaciáveis na aprendizagem’ e em relação aos outros, ‘insaciáveis no ensino.”
Estranhas devem ser estas palavras para aqueles que hoje questionam a oportunidade deste tipo de cerimónia. Para aqueles que certamente por nunca terem participado em nenhuma, não conseguem ainda compreender a importância da imensa satisfação pessoal de todos aqueles, que por razões diversas da vida não o puderam estudar no tempo próprio. Bastaria ver os sorrisos nervosos, a presença orgulhosa de familiares e amigos, o entusiasmo com que recebem os certificados, as histórias que connosco partilham.
Acredito que bastaria isso para ajudar a mudar muitas opiniões. E por acreditar na importância social deste projeto, a Direção da Insignare decidiu apresentar uma nova candidatura de apoio à continuação deste serviço. Considerando a qualidade e quantidade do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos 10 anos, não tememos o resultado final. Em face das limitações financeiras que este tempo nos impõe, que fiquem os melhores e garantidamente nós estaremos entre eles.
Muito obrigado a todos.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Cerimónia de entrega de certificados

Ontem, dia 5 de Dezembro de 2011, decorreu a cerimónia de entrega de certificados do nosso Centro Novas Oportunidades. Em representação de todos os certificados de nível básico, convidámos a adulta Almerinda Nunes a discursar, por ser uma pessoa que se destacou pela forma como encarou o processo e pelo empenho e competências que demonstrou.

Aqui deixamos o seu testemunho e desejamos muitas felicidades a todos.


"Boa noite!

O meu nome é Almerinda Nunes, moro em Caxarias.

Hoje estou aqui, com alguma emoção, mas também orgulhosa de mim mesma,

para dar o meu testemunho acerca do Processo RVCC, que concluí na escola da Barreira, no dia 25 de Novembro.

Quando tive conhecimento que iria decorrer na escola da Barreira o processo RVCC para o 9º ano, decidi inscrever-me porque tinha muita vontade de aprofundar os meus conhecimentos e também aprender algumas coisas novas.

Quando me falavam do RVCC, diziam-me que era fácil, era escrever a nossa história de vida e fazer algumas fichas nas sessões. Mas não foi bem assim, porque na minha história de vida tive que demonstrar competências em várias áreas. Não foi fácil elaborar o meu portfólio e houve momentos que pensei em desistir, mas ao mesmo tempo pensava: “se tantas pessoas já conseguiram porque é que não hei-de conseguir também?”. Ao falar com os meus colegas descobri que não estava a ser fácil para ninguém, mas não podíamos nem devíamos desistir, porque este processo era importante para nós, tanto a nível pessoal como profissional.

Escrever a minha história de vida foi recordar experiências e emoções vividas, algumas delas há muito tempo esquecidas e que contribuíram muito para a pessoa que sou hoje.

Adquiri novos conhecimentos que me enriqueceram enquanto pessoa e cidadã, com maior capacidade de reflectir, decidir e agir.

Para mim foi muito gratificante este processo, saio com a minha auto-estima melhorada e com níveis de auto confiança reforçados.

Na equipa que me acompanhou durante estes meses, encontrei o estímulo e a motivação, que me deram coragem para desenvolver, com gosto, o meu portfólio com a qualidade de que me orgulho, pois exigiu determinação, entrega e esforço.

Sem a sua dedicação e a sua ajuda não teria chegado até aqui.

Assim sendo, do fundo do coração, o meu muito obrigada, pela nova oportunidade que me foi proporcionada.

Formação e conhecimentos… porque não há limite de tempo para aprendermos, se assim o quisermos."

A equipa de nível básico:

Marília Matias, profissional de RVC

Dulce Maurício, formadora de MV e TIC

Rute Ribeiro, formadora de LC e CE


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Por amor a uma causa

Este texto NÃO é de minha autoria. Partilho-o com a devida autorização da autora, Lurdes Moura, TDE no CNO da EB2,3 D. Afonso, IV Conde de Ourém. Está de tal maneira bem escrito e com uma conclusão tal que subscrevo-o inteiramente.

«Num qualquer dia desta semana, saí da escola por volta das 18 horas e percorri os 35 km habituais para ir buscar a minha filha ao colégio e levá-la ao ballet. O saco do ballet continha, para além das roupinhas, dois pães de leite, um queque e uma garrafinha de água. A minha filhota costuma sair da aula faminta, mas o motivo do lanche tardio era outro: Naquele dia, depois do ballet não iríamos para casa, pois eu voltaria à escola, e sem alternativa, teria de levar a minha filha comigo. Assim que a aula terminou, ajudei-a a trocar de roupa, e por volta das 19 horas e 20 minutos seguimos viagem, percorrendo mais 35 km com o objetivo de realizar uma sessão de diagnóstico a uma única adulta nessa noite. Poderia ter desmarcado a sessão, mas não o fiz. Para essa decisão, contribuiu a dificuldade de contacto anterior com a adulta, impedimentos de ordem pessoal, que a impossibilitaram de comparecer no Centro até essa data, não esquecendo a imperatividade do cumprimento de prazos estipulados pela legislação referente aos adultos desempregados!

Minutos antes das 20 horas chegámos à escola. À entrada, um colega que saía, obervou: “Que frio! Isto não é noite para uma mãe sair de casa com a filha!" Após uma breve troca de palavra, seguimos, ele em direção a sua casa e nós, em direção ao Centro Novas Oportunidades.

Alguns minutos depois chegou a adulta para a realização da sessão de diagnóstico. A Isabel (nome fictício) tem 43 anos e 4 filhos, com idades compreendidas entre os 6 e os 17 anos. Oriunda de um bairro pobre de uma cidade grande, frequentou a escola até concluir o 4.º ano de escolaridade. Tratando-se da filha mais velha, tornou-se “mãe” dos seus irmãos mais novos, tendo sido incumbida da generalidade das tarefas domésticas e responsabilidades parentais. Durante os anos que lhe restaram da sua infância, a Isabel esqueceu muito do pouco que aprendeu na sua curta passagem pela escola. Raramente leu ou escreveu, pois isso não lhe foi exigido, nem permitido, em primeiro lugar pela família e posteriormente pelas suas atividades profissionais.

Quando a Isabel iniciou o preenchimento do cabeçalho da Ficha de Diagnóstico, a agradável caligrafia do cabeçalho, não fazia prever as dificuldades que se seguiam. Constatei que a adulta não consegue ler nem escrever de forma minimamente correta, uma frase simples. Manifestou, em relação a isso, profunda tristeza e muita vontade de, pelo menos, aprender a ler.

A iniciar mais 35 km de regresso a casa, a minha filha, na ingenuidade dos seus seis anos, perguntava-me: “Mamã, quando aquela senhora era pequenina não havia escolas?”. Eu respondi-lhe que sim, mas que aquela senhora não teve a oportunidade de estudar, e fui-lhe explicando os motivos de forma a que ela entendesse. “Tenho muita pena dela, mamã.” Expliquei-lhe que aquela senhora terá a possibilidade de aprender a ler e a escrever na minha escola ou em outra escola, porque a escola também serve para ensinar os adultos”. Após um minuto de silêncio acrescentou: “Mamã, os adultos vêm à escola à noite, porque de dia têm que trabalhar, não é? Ainda bem, senão não podiam aprender”.

Encaminharei esta adulta, à semelhança de outros na mesma situação, para o Programa de Formação em Competências Básicas, com a duração de 300 horas, para que lhe seja possível adquirir competências mínimas de Linguagem e Comunicação, Matemática para a Vida e TIC, que posteriormente permitam a integração num percurso EFA B2, para concluir o 6.º ano e quem sabe, posteriormente o 9º, preferencialmente pela via da dupla certificação.

Ela aproveitará essa oportunidade, se ela existir. Nos seus olhos ficou o brilho da esperança de aprender a ler e a escrever e talvez, posteriormente, concluir o 6.º ano.

Pergunto: alguém terá a coragem de dizer que esta adulta, de 43 anos, não merece essa oportunidade? Que não vale a pena o investimento? Milhares de portugueses(as) com dezenas de anos de vida ativa pela frente e excluídos do mercado de trabalho precisam desta oportunidade! Pela justiça social, pelo desenvolvimento do país, na parte que me compete não deixarei de acreditar, não deixarei de lutar contra o preconceito!»

Sérgio Fernandes

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ecoturismo: uma prática com futuro


Atualmente é essencial estarmos a par dos mais recentes desenvolvimentos associados, não só à nossa área de formação base, mas também à nossa atividade profissional. Neste âmbito participei, conjuntamente com entidades nacionais e internacionais, no passado dia 25, na conferência “Gestão e Conservação de Ecossistemas Aquáticos”, realizada em Torres Novas.

A sessão de abertura foi presidida por Jorge Rodrigues (ADIRN), Rui Borralho (Naturlink), João Farinha (INCN) e Pedro Ferreira (Câmara Municipal de Torres Novas). Salientou-se a importância da formação profissional no desenvolvimento local e a urgência da participação em programas internacionais, criando parcerias com as mais diversas entidades, a fim de fomentar esse mesmo desenvolvimento.

O programa incluiu diversas apresentações, seguindo-se discussão sobre os temas apresentados:

- Gestão e Conservação de Ecossistemas Aquáticos no Amando e no Alvão

- O Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Paul do Boquilobo e sua importância para a gestão da área protegida

- Estratégia de gestão e conservação da maior lagoa natural da península ibérica: desafios e oportunidades

- Restauração e reabilitação de linhas de água – o espaço da engenharia natural

- Ecological Restoration of migratory fish in South West England

- Peixes migradores em Portugal: crónica de um fim anunciado

- Reprodução em cativeiro como ferramenta para a preservação de espécies criticamente ameaçadas de peixes de água doce

- Boas e más notícias: gestão das lagoas temporárias de Longueira-Almograve para a conservação do cágado de carapaça estriada versus o colapso da comunidade de anfíbios do Paul do Boquilobo

- Reintrodução da águia pesqueira em Portugal

- Utilização sustentável das zonas húmidas através do Ecoturismo

Esta ultima apresentação foi particularmente interessante: acompanhando o crescimento do Turismo nos últimos anos em Portugal, o setor do ecoturismo tem apresentado uma taxa de crescimento superior a qualquer outro. Este facto justifica-se pelos seus valores ambientais, estéticos, culturais, recreativos, espirituais e, obviamente, económicos. As suas atividades focam-se não apenas no lazer mas especialmente na aprendizagem, sendo procurado por empresas, grupos escolares, grupos de amigos e famílias. Há uma grande preocupação no enaltecimento dos produtos locais, criando oportunidades de emprego, envolvendo diferentes setores económicos uma vez que permite a parceria de múltiplos stakeholders (privado, publico, ONGs, ADL, …). O Aumento da qualidade da oferta ecoturística promove o aumento de turistas, da criação de negócios e emprego os quais, por sua vez fomentam a qualidade de vida. Os valores naturais são valorizados, o que permite uma melhor gestão dos recursos, com consequente aumento do empreendorismo…como é evidente tudo isto traz benefícios económicos locais.

O ecoturismo conjuga os benefícios económicos com a conservação da natureza, e cria uma sensação de orgulho nas comunidades que acabam por participar ativamente na sensibilização e educação ambiental

Margarida Borralho, Formadora de Sociedade, Tecnologia e Ciência

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Júri de Certificação de Nível Básico – 28 de Novembro de 2011


Foi na passada sexta-feira, 25 de Novembro, que o Centro Novas Oportunidades da Insignare teve o prazer de se deslocar até à Escoa Primária da Barreira, onde se realizaram três sessões de Júri de Certificação. Este dia, foi o culminar de um trabalho realizado ao longo de vários meses, em que o esforço e dedicação foram as estratégias dominantes!
Desejamos as maiores felicidades aos adultos certificados e que continuem a investir na sua formação!!


A equipa de Nível Básico
Marília Matias, profissional RVC
Dulce Maurício, formadora MV e TIC
Rute Ribeiro, formadora LC e CE

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A CENTRALIDADE DE OURÉM (III)

Termino hoje este solitário exercício. Releio os textos anteriores e relembro os dados que fui comparando. População, número de empresas, volume de negócios, número de trabalhadores, número de estabelecimentos hoteleiros, camas instaladas e dormidas vendidas. Abordei os territórios que compreendem o Pinhal Interior Norte, Pinhal Litoral e Médio Tejo. Conclui que considerando as áreas antes enunciadas, o concelho de Ourém ocupa uma terceira posição em matéria de população e actividade económica e uma posição cimeira no que ao turismo diz respeito. Admiti que algumas destas conclusões não fossem assim tão óbvias para a generalidade dos leitores, perspectivando alguma injustiça numa equilibrada distribuição do investimento público. Não sendo essa a motivação inicial, tentei encontrar dados, sistematizados, que me permitissem confirmar esse desequilíbrio. Em boa verdade, não os consegui encontrar e aqueles a que tive acesso respeitam o peso dos dados anteriormente referidos. Não quero com isto dizer que não sinta ou pressinta, que nesta matéria existiram dois pesos e duas medidas. Basta olhar para a área da saúde e confirmar quanto foi esquecido o concelho de Ourém. Tendo mais população e criando mais riqueza e emprego que Tomar, Torres Novas e Abrantes não possui nenhum hospital a exemplo do que se verifica nestes concelhos. Ou até como Pombal que podendo ser equilibradamente comparado com Ourém, possui esse tipo de fundamental infra-estrutura. Que critérios presidiram a estas decisões? Num tempo em que se fala na necessária redução de custos na área da saúde, defende Ourém que o seu Centro de Saúde não passe a encerrar no período nocturno e procura meios, que parecem não existir, para a aquisição de ambulâncias que garantam cuidados adequados no transporte dos seus munícipes. Defende-se a autorização que permita aos ourienses serem preferencialmente transportados para o Hospital de Leiria, em detrimento de longas e incompreensíveis deslocações para Tomar ou Abrantes. Nesta matéria parece-me que continuamos a falar muito baixo, não conseguindo fazer ouvir a dimensão da injustiça e a nossa indignação. Admito que tal se ficou a dever à nossa incapacidade reivindicativa, à força dos nossos líderes políticos, à inexistência de um sentido colectivo, ao posicionamento territorial onde nos inserimos.

Ao procurar encontrar e afirmar uma centralidade para Ourém, reconheço que o posicionamento de charneira que nos caracteriza e que por vezes nos faz parecer uma desvairada bola de pingue-pongue, saltitando entre entidades, de raiz e objectivos iguais, a Norte e a Sul, nos tem fortemente prejudicado. Considero de um bacoco provincianismo, aqueles que ao longo de anos defenderam esta postura de esperteza saloia. Sempre acreditei na dimensão aglutinadora de Leiria nas dinâmicas deste território, mas muito pouco vi fazer a Leiria para afirmar a sua incontestada liderança. E é essa incapacidade, que me parece querer manter-se, que deverá levar Ourém a procurar o seu próprio espaço, a sua dimensão de centralidade. Aguardo com expectativa trabalho encomendado pelo Município de Ourém que abordará certamente esta matéria. Talvez que uma visão exterior nos permita ver aquilo que continuadamente temos ignorado. Resta-me essa esperança.

Francisco Vieira
Presidente da direção da ACISO

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Júri de Certificação Nível Secundário

Hoje, no nosso CNO, realizaram-se duas sessões de Certificação de Nível Secundário.

Na sessão da manhã, contámos com a presença do Professor João Gonçalves enquanto Avaliador Externo e, na sessão da tarde, com a Eng.ª Nélia Cid. A ambos agradecemos a sua disponibilidade para estarem presentes, bem como as palavras de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelos adultos.

O momento da Sessão de Certificação é para toda a equipa um grande motivo de orgulho, por ver os nossos adultos satisfeitos e emocionados. Para muitos, um objetivo, um sonho que pensaram nunca ser possível, e que hoje viram concretizado.

As apresentações realizadas pelos adultos, proporcionaram-nos uma diversidade de temas, desde a música, a conservação de frutas, as energias renováveis, a construção de uma moto, até ao património local. Com estas demonstram que são merecedores da certificação de nível secundário e dão provas da sua diversidade de conhecimentos e competências.

A todos felicitamos: Carlos Alves, João Manhãs, Maria de Lurdes, Maria da Conceição, Rui Fino, Elsa Oliveira, Susana Fernandes, Maria Teresa e Pedro Nunes.

Termino com uma dedicatória que nos foi feita por uma das adultas certificadas hoje, Maria da Conceição Rodrigues.

Esta é a última página

Que neste processo vou escrever

São apenas algumas palavras

Para aos Formadores agradecer


Foi muita a paciência

Que tiveram de me aturar

Da minha parte a vontade

Em conseguir triunfar


Obstáculos me impediram

De eu conseguir continuar

Sou persistente e teimosa

Não deixei de lutar


Tinha outros compromissos

Para fazer formação

Que fiz em paralelo

E recebo certificação


Mais o serviço voluntário

Que não deixei de fazer

Houve dias desgastantes

Que até faziam tremer


Só com esforço se consegue

Vê-se aqui bem a diferença

Mais uma vez está provado

Que aprender compensa


Tudo em paralelo

Foi muito complicado

Só com a vossa compreensão

Posso ter o processo terminado


Ainda falta o último dia

Esse tão desejado

Aguardo com esperança

Receber o certificado 12º ano


Não é fácil descrever

O que vai nos sentimentos

A toda a equipa empenhada

Os meus sinceros agradecimentos


Também ao RVCC

Pela ideia genial

À Escola de Ourém

E ao nosso Portugal

Elsa Fonseca (Formadora de CP)

Perguntei a uma Poeta


Perguntei a um poeta

Onde está a poesia?

E o brilho do seus olhar

Logo veio iluminar

A resposta que eu pedia.

O seu olhar sonhador

Se fixou no céu cinzento

Deu-lhe um toque mais de cor

Ficou azul de momento.

Nesse seu olhar profundo

Vi a resposta pedida.

Que a poesia está nos olhos

Que a conseguem ver na vida.

Pode estar no azul do céu

Nesse azul que eu pude ver,

Está no murmúrio da água

Que da fonte vês correr,

Está nas estrelas, no mar

Na vida sempre em mudança,

E quando estás a olhar

Nos olhos de uma criança.

Está na beleza das cores

É feita de mil palavras.

Está nos teus muitos amores

E na terra quando a lavras.

Também está no sol, na lua,

No cantar de um passarinho

Quando tu olhas surpresa

Como ele tece o ninho.

Está na magia da noite

Na beleza que há no dia.

Mas, é preciso que olhes

Com os olhos da poesia.


Maria Celeste Faria, adulta a frequentar o processo RVCC de nível básico, no Centro Novas Oportunidades da Insignare.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Aquela doença...

Lembro-me de um dia, quando iniciava a minha etapa escolar, a minha avó ter sido operada e não ter resistido…a minha disse-me: “a avó morreu com aquela doença…não havia nada a fazer.” O cancro começava rapidamente a fazer vítimas, atacando impunemente, sem se compadecer com estratos sociais ou faixas etárias. Quem de nós teve a sorte de não ter perdido um familiar ou amigo?

O cancro é a doença com mais custos económicos, segundo um estudo da um estudo da Sociedade Norte-Americana do Cancro. Esta enfermidade custa mais em produtividade e em perdas de vidas humanas do que a sida, o paludismo, a gripe ou outras doenças contagiosas. A OMS estima que o cancro possa derrubar, este ano, os ataques cardíacos da liderança das causas de morte. O estudo é patrocinado pela Livestrong, a fundação do ciclista Lance Armstrong, que superou um cancro.

Mas eis que surge uma luz ao fundo do túnel, apesar de já vir tarde para alguns. Uma radioterapia que pode eliminar o cancro numa única sessão, mesmo com o tumor já espalhado, estará em breve disponível em Portugal, através de uma máquina quase única no mundo que ficará instalada na Fundação Champalimaud. O equipamento permitirá fazer radioterapia de dose única, tratamento que requer um elevado nível de precisão e que poderá ser feito em poucos minutos e sem qualquer toxicidade para o doente.

Esta técnica de radioterapia de dose única, disponível para tratamento no final do primeiro trimestre de 2012, vem permitir tratar muitos dos casos de cancro com metástases, sobretudo os menos disseminados. Trata-se de uma radioterapia por imagem guiada, em que se faz uma TAC e o tratamento em simultâneo, que exige um elevado nível de precisão para que a dose única seja aplicada no local adequado e se torne suficiente. As metástases significam 90% das causas de morte por cancro e infelizmente a resposta da comunidade médica nestes casos passa apenas pelos cuidados paliativos. Carlos Greco, responsável pela Fundação afirma: "Já testámos este equipamento e esta técnica na Universidade de Pisa, em Itália, e os resultados foram surpreendentes. Tem é de ser administrada uma dose suficientemente forte para erradicar o tumor. E já provámos que funciona em qualquer tipo de cancro, mesmo num dos mais resistentes à quimio ou radioterapia."É uma revolução", resume, assegurando que é indolor, se elimina a toxicidade e se consegue fazer o tratamento "de olhos fechados" demorando menos de um quarto do tempo do que as sessões convencionais de radioterapia. Ou seja, em 10 minutos consegue-se o mesmo do que com a cirurgia, mas permitindo ao doente ir para casa de seguida e sem risco de morte.
A vantagem, segundo o especialista, é que este método permite tratar várias lesões numa mesma e única sessão: "Podemos finalmente oferecer aos doentes metastáticos, mais do que uma esperança, uma realidade - sem dor e sem invasão".

Contudo, a radioterapia de dose simples requer uma equipa estruturada e investigação em patologia molecular, para que se estude cada caso e a dose certa a dar em cada tipo de cancro."Isto significa uma medicina personalizada. Selecionamos a dose conforme a histologia e a genética de cada pessoa. Só pode ser executado por uma equipa multidisciplinar", comenta.
O diretor da Fundação lembra que a administração tem estado a trabalhar com o Governo português e que as negociações futuras serão feitas com cada um dos hospitais que manifestem interesse. Por agora, a Fundação só recebe doentes particulares, tendo já acordos com oito instituições com seguros de saúde. Apesar de nunca revelar o custo do equipamento para a radioterapia de dose única, Greco garante que o tratamento sai menos caro do que a radioterapia convencional. O custo para o sistema de saúde é muito mais baixo. A máquina vive por 10 anos e trata quatro vezes mais doentes", sublinha.

A ciência, mais uma vez, ao serviço da Humanidade.


Margarida Borralho, formadora de Sociedade, Tecnologia e Ciência