sexta-feira, 9 de novembro de 2012







No dia 19 de outubro, o Centro Novas Oportunidades, promove a tertúlia “Portugal – Um retrato social", que terá início às 20:00, com a exibição do episódio “Mudar de Vida: O fim da sociedade rural", que retrata a sociedade contemporânea, urbana, que era ainda há pouco tempo rural,  explicando como se evidenciou o êxodo rural. Este episódio faz parte de uma serie documental, Portugal – Um retrato social, de António Barreto.
No final do documentário, irá haver espaço para um debate e uma reflexão sobre o tema, com a participação do Dr. Acácio Sousa, licenciado em história, mestre em estudos luso-asiáticos e doutorando em ciência política.
Esta tertúlia é destinada aos adultos que frequentam o processo RVCC de nível básico e secundário.


Reflexão de um adulto do grupo nº 8/2012 de Fátima de nível secundário



Mudar de vida: o fim da sociedade rural


O sociólogo António Barreto, neste documentário, retrata a nossa sociedade nos anos em que se dá uma mudança, diz-nos que esta mudança drástica é uma perda imensa para a nação; é óbvia esta realidade, mas faz parte de uma herança do nosso passado, da nossa paragem no tempo durante 48 anos de regime fechado, de medo. Se pensarmos que em 1910 cerca de 90 % do povo português era analfabeto, isto mostra o atraso a que o povo estava submetido em prol de uma minoria que tirava proveito disso, obviamente aqueles que detinham o poder. Após o 25 de abril há uma viragem enorme para a qual o povo não estava preparado, porém sabia que este era o momento, o vento da mudança.

Pessoas que veem uma abertura no tempo para poderem ter uma vida melhor, que era vista como se tratando de um último comboio ou a oportunidade nunca tida até ao momento e de repente ela está aí mesmo, à mão. Durante este documentário é este o sentimento que fica, o respirar livremente, o dissipar do medo, de falar, os tão falados “ventos de mudança”.

Porém, os portugueses e o país não estavam preparados para as duas realidades, pois, até há pouco, as suas vidas nas aldeias eram bem diferentes e a mudança para as cidades tem também as suas consequências, os que vêm do meio rural vão confrontar-se com novos desafios dos quais nunca tinham ouvido falar. Com esta brusca mudança até mesmo as pequenas cidades não estavam preparadas para os acolher, havendo falta de estruturas para tanta gente, faltando saneamento, serviços de saúde, escolas, correios, eletricidade em todas as casas, telefones e muitos outros meios necessários, passando estes a viver de forma precária. Com o tempo as cidades ficaram saturadas tornando a vida das pessoas bem difícil, as eternas horas nos transportes, nas filas de trânsito, o levantar muito cedo e o regresso a casa já de noite, o cansaço, vão desgastando este povo que tenta por todas as formas a tão desejada “boa vida” da cidade que o tempo vai negando, mas sem perder a esperança, que se não for no tempo deles será para os seus filhos. Mas não são só as pessoas, as cidades também sofrem com esta mudança, o crescer sem planeamento e sem regras, vão fazendo delas um lugar triste, feio e frio, tornando-se numa doença que não terá cura nos próximos tempos.

Os portugueses mudam de vida, dá-se o nascimento dos chamados subúrbios e com eles os bairros de barracas, este crescimento de aglomerados de habitações, muitos deles precários e clandestinos, sem as condições necessárias para habitar, nomeadamente: casa de banho, água e luz. 

É quase impossível imaginar viver nestas condições hoje em dia, quando temos eletricidade, água canalizada, gás, aquecimento e muitos outros objetos que fazem a nossa vida, de certa forma, mais cómoda e confortável, coisa que os nossos avós nem sonhavam que poderia ser possível.
Nos anos 90, toda esta situação se agrava, não havendo o cuidado de fazer uma planificação no território nacional para um crescimento sustentável das cidades, este plano, apesar de ser delineado, leva mais de uma década a ser posto em prática, não acompanhando o crescimento, mantendo-se os mesmos problemas, temos dificuldade em resolver certas questões, tão óbvias e primárias, porém havendo já um poder económico de uma sociedade que tinha deixado o campo. Alguns deles, poderemos dizer, que tiveram sucesso a nível monetário, mas não investiram na sua formação, muitos acharam que não tinham necessidade, pois a sua posição monetária era suficiente para resolver os seus problemas, os seus objetivos não estavam virados para o bem comum de uma sociedade.

Esta nova sociedade tem uma maneira muito peculiar de ver este tipo de assuntos políticos e sociais: são decisões para serem tomadas pela classe política, achando que o voto será o suficiente ou a única opção que lhes cabe, esquecendo-se que este ato é apenas uma pequena parte das suas obrigações como cidadãos, achando que os políticos, eles sim, devem resolver os problemas da sociedade, pelo menos assim tentam fazer crer ao povo. Mas com o decorrer dos anos acabamos por ver que nada fizeram, ou melhor, têm aumentado os problemas com políticas erradas, desonestas e agressivas para com o povo, levando este, ao fim de tantas décadas de trabalho árduo, a ter perdido o sonho de uma vida melhor.

Visto que muitos já não têm emprego na cidade, voltam aos meios rurais, de onde os seus avós tinham saído, este paradoxo é hoje uma realidade lamentável que mostra que o esforço feito por eles foi em vão.

O facto é que o povo deveria ter uma voz mais ativa, ser mais participativo nos problemas da sociedade, o povo é a chave para a mudança, a sua inércia levou a que os políticos tenham tomado decisões erradas, com as quais de uma forma ou de outra concordámos, levando a um retrocesso, provavelmente irremediável nas próximas décadas.

Este é o retrato de um crescimento não sustentável e de políticas desastrosas que vão ser para as novas gerações uma herança pesada.

Será que vamos ver um novo ciclo? Decerto é que vamos ter que mudar de rumo!

Será que passa por este começo?

- Mudar de vida: o começo da sociedade rural?

(autor: Jovino Gaspar Brites)


terça-feira, 28 de agosto de 2012

A aprendizagem… uma pequena reflexão!




A iniciativa Novas Oportunidades permite reconhecer e validar competências adquiridas ao longo da nossa vida. Muitas vezes não temos plena consciência desses saberes, mas é igualmente um processo de aprendizagem.

 
Acompanhar cerca de 100 adultos, dos quais 76 concluíram o processo, é de uma enorme satisfação pessoal por terem encarado este desafio como uma mais-valia para as suas vidas.

 
Alguns, muitas vezes, sentiram vontade de desistir, pois o trabalho a realizar em tão pouco tempo era “assustador”. Confrontados desde o primeiro dia, com o enorme trabalho e esforço que lhes estava a ser pedido era motivo para “desanimar”, mas com as palavras de encorajamento e a força de vontade de ultrapassar mais uma etapa, lá se foram fazendo todos os passos necessários para chegarem à conclusão do processo com um sorriso especialmente inspirador para um futuro melhor.

 
Foram meses de intenso e árduo trabalho para candidatos a certificação e para a equipa que os acompanhou, apoiou e incentivou a percorrer outros caminhos na aprendizagem ao longo da vida, desde de apostarem mais na leitura como forma de melhorar a língua portuguesa, a utilizar “sem medo” o computador e a frequentarem formações que lhes possam melhorar o desempenho, não só como profissionais mas igualmente como seres humanos.

 
Existiram também momentos de descontracção, como forma de partilhar dúvidas, conhecimentos e se incentivarem uns aos outros.

 
O resultado final é sempre um marco inesquecível, pelo que este processo ficará sempre nas vossas memórias como um “barco” que vos permitiu a partilha de conhecimentos, de contactos, de criação de laços de amizade e melhorar a auto-estima.

A todos que viram certificadas as suas competências, mais uma vez, muitos parabéns pelo marco alcançado, aos que ainda se encontram em processo e aos que eventualmente se irão inscrever, aqui fica uma palavra de incentivo para “embarcar” neste caminho que também vos enriquece na aprendizagem e enriquece igualmente a equipa que vos acompanha!

Estamos sempre a aprender, a vida é uma escola e parar é morrer!



A Profissional de RVC de Nível Básico

Sandrina Henriques


Exemplo de um momento de confraternização










quarta-feira, 25 de julho de 2012

O perigo de escolher cursos que estão na moda

QUANDO UM MECÂNICO GANHA MAIS QUE UM CHEFE DE COZINHA

Restrinjo este meu breve pensamento apenas aos cursos profissionais de nível IV. Porque são privilegiadamente aqueles com que trabalhamos nas escolas Insignare, porque são os que melhor conheço. Todos os anos assistimos a momentos de elevada indecisão e expectativa por parte dos jovens que nos procuram. 

Com uma média de idades a rondar os 15/16 anos, são colocados perante o dilema de optar por um curso que na generalidade marcará definitivamente a continuidade do seu percurso académico a nível superior ou o abraçar de uma profissão para boa parte da vida. Sim, apenas para boa parte, porque isto de profissões para a vida é coisa que me parece já não existir. E é neste momento tão decisivo das suas vidas que os jovens são confrontados com uma imensa diversidade de opções, algumas delas ajustadas à formação dos docentes existentes nas escolas e propostas apenas com a finalidade de garantir a manutenção dos postos de trabalho, outras enquadradas em discutíveis critérios superiores que definem a sua prioridade, outras tão só, porque estão na moda e garantem uma forte adesão por parte dos jovens. 

E é sobre este último aspecto que agora me importa refletir. Já lá vão vinte anos em que aqui iniciámos a oferta de formação nas áreas da Hotelaria e do Turismo. Relembro a relativa facilidade com que conseguíamos a adesão de alunos para o curso de Receção, menos para o curso de Restaurante/Bar e era tarefa quase impossível convencer um jovem (e sobretudo a sua família) de que a profissão de Cozinheiro tinha bons níveis remuneratórios e uma grande empregabilidade. Duas décadas depois como é tão diferente a realidade. O mediatismo conseguido pela área de Cozinha colocou a profissão e os cursos que a ela conduzem no topo das preferências e basta analisar os dados recentes na Escola de Hotelaria de Fátima. Para trinta vagas disponíveis no curso de Cozinha/Pastelaria inscreveram-se cem jovens. Mas o verdadeiro problema não está na forte adesão verificada na EHF, que por sinal é uma escola especializada nas áreas da Hotelaria, Restauração e Turismo, o problema está na multiplicidade de ofertas que pulverizam o território nacional. 

Corre-se o sério risco de que a médio prazo a oferta de trabalho exceda largamente a procura e que uma profissão reconhecida e razoavelmente remunerada perca tudo aquilo que lhe custou tanto a conseguir. E tudo por excesso, por mediatismo, por moda. Em simultâneo oferecemos na Escola Profissional de Ourém os cursos Manutenção Industrial e Metalomecânica. Garantem plena empregabilidade e níveis remuneratórios médios semelhantes a um Chefe de Cozinha. A oferta por parte das escolas é escassa e a procura dos alunos relativamente baixa. O curso de Metalomecânica consegue até o feito heróico de ter na EPO a única oferta de todo o território de Lisboa e Vale do Tejo. E tudo isto porque não estão na moda. 

Vivemos hoje tempos difíceis e por isso aconselho os jovens a analisarem bem todas as ofertas que têm ao seu dispor, recolhendo toda a informação e aconselhando-se com aqueles em que mais confiam. E sobretudo que não embarquem em facilidades e modas.

Francisco Vieira
Diretor Executivo da Insignare

sexta-feira, 6 de julho de 2012

"Entusiasmo e satisfação foi o que senti..."

Entusiasmo e satisfação foi o que senti, ao longo de toda a elaboração do processo de RVCC. Independentemente da área, pois todas me despertaram um interesse diferente, não só para o dia-a-dia, mas também para o futuro.
Senti, igualmente, muita alegria ao reviver cada um dos momentos do meu passado, tendo chegado à conclusão que apesar de ter deixado de estudar cedo, ainda assim, existe uma certa riqueza na minha vida, principalmente na área da cidadania.
Adquiri competências com as quatro áreas:
Linguagem e Comunicação, uma das áreas em que tive algumas dificuldades, principalmente na construção de frases, na leitura, fazer discursos, foi importante tudo o que aprendi, porque agora já é mais fácil comunicar com as pessoas e também escrever, fazer a pontuação, construir as frases, analisar textos, etc.
Na Matemática para a Vida foi outra área na qual tive dificuldade, talvez por não a utilizar com tanta frequência, mas com a aprendizagem que tive, consegui realizar as tarefas pedidas, foi gratificante, agora já consigo realizar cálculos e usar adequadamente a máquina de calcular.
Das Tecnologias de Informação e Comunicação gostei, pois aprendi a trabalhar no Word, no Excel, PowerPoint e a pesquisar na Internet.
Cidadania e Empregabilidade foi uma área que me ajudou a compreender os meus direitos e deveres como cidadão. A forma como me relaciono com as outras pessoas, como trabalhar em grupo.
Em todas as áreas adquiri competências e experiência com os trabalhos desenvolvidos ao longo das sessões. É na conclusão que afirmo que valeu a pena ter abraçado esta oportunidade, uma vez que enriqueci culturalmente, a minha vida pessoal, e profissionalmente. Tudo isto só foi possível graças à dedicação e profissionalismo da técnica e formadoras que foram incansáveis.

A todas o meu muito obrigado.

Francisco Carmo
Certificado com o nível básico - 9º ano

quinta-feira, 5 de julho de 2012


No passado dia 2 de Julho, os adultos do grupo 2_2012, de Fátima, viram as suas aprendizagens adquiridas ao longo da vida certificadas. Foi um grupo exemplar, dedicado e muito empenhado. Parabéns a todos! Fica a recordação...



quarta-feira, 4 de julho de 2012

"Durante a execução do processo, deparei-me com temas muito diversificados e interessantes."

Elaborar o PRA não foi de todo fácil, a maior dificuldade foi encaixar cada tema no sítio certo. Muitas horas, muitos dias, assim como as férias de verão foram investidas neste longo processo. Alguns temas foram de pouca dificuldade para mim, uma vez que leio e tento aprender tudo, mas outros foram de grau de dificuldade alto, tive de fazer várias pesquisas, compará-las, pedir algumas opiniões à família e amigos para tentar chegar à melhor conclusão. Diversas vezes mudei grande parte do trabalho tentando que o mesmo não se tornasse cansativo e confuso para os avaliadores.
Hoje vivemos em comunidade e como trabalho diariamente com muitas centenas de pessoas, em especial crianças, é de máxima importância falar e escrever com correção, mostrar cultura variada, dominar as línguas, pelo menos o básico, são bons exemplos para os nossos jovens. No meu local de trabalho observo a sua surpresa quando, não sendo docente, consigo dominar algumas áreas, algumas delas nem sequer são abordadas nas disciplinas.
Tendo em consideração que após a apresentação pelos formadores das várias competências, fiquei sem fôlego e pensei: "isto é impossível, não vou conseguir!" Só não desisti porque a minha força interior e o meu orgulho não me permitiram. Parece-me correto neste momento ter chegado até aqui, depois de me ter sentido quase sozinha e de ter andado tanto tempo à deriva, sinto-me verdadeiramente vitoriosa.
Durante a execução do processo, deparei-me com temas muito diversificados e interessantes.
Neste momento, o meu projeto mais ambicioso é certamente a médio/longo prazo dedicar-me exclusivamente a trabalhar na minha área das terapias complementares e sentir que as pessoas saem do meu gabinete mais alegres, mais libertas e em paz. Neste momento a palavra está a passar de uns para outros, através daqueles que já conhecem o meu trabalho e sucesso e vou começar a ter um horário mais abrangente. Outra solução começa também por começar a marcar sessões regulares de grupo para meditação, pois muitas pessoas pedem-me para o fazer. A longo prazo, talvez a internet seja uma solução viável para maior divulgação do meu novo passo.
Conheço-me e sei que terei para todo o sempre de alargar os meus horizontes e conhecimentos, por conseguinte, a minha formação e os meus estudos vão prosseguir, só assim poderei dar continuidade ao meu processo de evolução na terra.
Um bem-haja a toda a equipa de formadores, a antiga e a nova, que se dedicaram de corpo e alma para que o projeto pudesse fluir, muitas vezes sem grandes condições e com sobrecarga de trabalho.
Namasté.

Darcília Rosado
Certificada com o nível secundário 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Quero saber mais!




Foi muito gratificante

Atingir a meta a que me propus

Estou feliz e radiante

Pois o saber a outro futuro conduz



Nas Novas Oportunidades na “EPO”

Ajudei com grande empenhamento

Nunca me senti “tão só”

Tive bom acompanhamento



Com a Drª Dulce Maurício

Competente e bem simpática

Não fiz nenhum sacrifício

Em perceber a Matemática



A Drª Rute Ribeiro

Risonha como ninguém

Depois de assinar o texto

Escrevia: “Muito Bem!”



Linguagem e Comunicação

E mais Cidadania

Foram aulas de eleição

Dadas com muita alegria



Drª Sandra Costa, Marília

Sandrina e Ana Vazão

Estiveram no meu início

E na minha apresentação



Foi bom voltar à escola

Eu… o fiz com muito agrado

E tiro da minha sacola

A palavra ….Muito Obrigada



Celeste Faria
Adulta do processo de RVCC de 9º ano certificada em março de 2012

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Testemunho de um Adulto Certificado a 31 de Maio


O Universo é feito de múltiplas matérias e infinitos destinos, assim como as nossas vidas, por isso é que existe este excelente Centro que nos orienta nos caminhos a percorrer para atingirmos esses destinos, recorrendo ao nosso passado projetando o nosso Futuro de forma a que nos seja mais otimista.


Aconselho todos a efetuarem este processo, pois confirmamos e descobrimos competências que temos.



 
Obrigado a toda a equipa do Centro de Novas Oportunidades da Insignare
 
Pedro Pereira

quarta-feira, 7 de março de 2012

Communication Skills in Adult Education

Na sequência de uma candidatura que fizemos individualmente para uma formação Grundtvig, foi-nos atribuída uma bolsa para a participação, no Chipre, em “Communication Skills in Adult Education”, que decorreu de 13 a 17 de Fevereiro.
Antes de partirmos em viagem, recebemos os materiais de preparação para as temáticas que iriam ser abordadas:
- um questionário que tinha como objetivo auscultar os conhecimentos que já possuíamos assim como as nossas expectativas e o que pretendíamos atingir;
- artigos acerca do Programa Neuro-Linguístico;
- artigos sobre as Teorias da Comunicação.


Chegadas ao Chipre, a ansiedade era muita assim como a “sede” de aprender e melhorar. Esperava-nos um grupo de trabalho multicultural: Polónia, Grécia, Roménia e Chipre, este último, aqui representado pela instituição anfitriã: Shipcon.

Todos nos apresentámos e partilhámos experiências profissionais. Apesar de sermos de países diferentes, a nível profissional, todos trabalhamos na mesma área: Educação de adultos. Uns como formadores, outros como técnicos, mas as dificuldades do dia a dia neste tipo de formação e educação eram comuns a todos nós e as realidades muito semelhantes!
A formação englobou uma componente teórica e prática. Na teoria, abordámos estratégias de comunicação e de resolução de conflitos, modelos de feedback e de comunicação em público. Todos estes pontos foram acompanhados de exercícios práticos que, por sua vez, eram precedidos de uma reflexão coletiva e individual, tendo como objetivo a tomada de consciência daquilo que fazíamos menos bem, para de futuro podermos melhorar.
Destacamos também um dia cultural onde “bebemos” da história e hábitos cipriotas e, ao longo do dia, fomos tendo momentos para aplicar os conhecimentos adquiridos até ali.
Para nós, esta participação foi bastante enriquecedora, uma vez que nos forneceu as ferramentas fundamentais para, na educação de adultos, lidar com situações mais delicadas, gerirmos os nossos sentimentos de forma a não provocar um mau entendimento naquilo que pretendemos transmitir e expressarmos de forma clara e empática aquilo que pensamos.





Sem dúvida uma experiência a repetir e como se costuma dizer "O saber não ocupa lugar"!




Sónia Pereira e Marília Matias

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Da (não) aquisição da Coleção Berardo

Conheço o estado da economia portuguesa, conheço o número de desempregados (e conheço pessoalmente vários...). Todavia, também conheço o passado e gostaria que tivéssemos um futuro. Não aprecio particularmente arte moderna mas conheço a importância que a Arte tem no desenvolvimento integral do Ser Humano.
Esta coleção de arte é considerada das melhores a nível europeu e mundial. Faz, conjuntamente com o Museu dos Coches e o Museu Nacional de Arte Antiga, a troika de museus mais visitados por nacionais e por estrangeiros. Sei que é gratuita mas depois de a comprarem podem colocar o mesmo sistema dos outros museus.
O Estado não a adquirir é uma péssima ideia, da qual será óbvio que nos iremos arrepender, por já termos passado por isso: Coleção Champalimaud, Coleção Jorge de Brito, .... Obras de arte que saíram do país por os sucessivos governos terem vistas curtas, economicistas e cobardes quanto à opinião publicada (já estou a ver as manchetes do "Correio da Manhã").
A própria lei que deveria proteger a saída de obras de arte do país, através do direito de preferência do Estado sobre obras adquiridas em leilões, foi há algum tempo declarada errónea pelo Supremo Tribunal Administrativo e, que eu saiba, não foi ainda corrigida (talvez porque o Parlamento esteja mais ocupado com o custo da água da torneira vs água engarrafada). na prática, isto significa que o Estado já não pode cobrir a última licitação feita por um particular num leilão, tendo esta caráter de primazia.
Um SEC dizer isto, alguém tão culto e inteligente como Francisco José Viegas, é (mais) uma profunda desilusão sobre um governo obcecado com o curto prazo e sem uma visão estratégica de longo prazo para o país.
A espuma dos dias e a velocidade da informação leva a que amanhã já pouca gente dê pouca importância a isto, o que nos caracteriza também como um povo sem memória, concentrado no seu triste fado.
Quanto à questão do como pagar, parece-me que entre a inscrição dessa verba no Orçamento de Estado e a colaboração de Mecenas se deveria encontrar uma solução. Nem que fosse a CGD (100% pública) converter os créditos que tem sobre Joe Berardo (os empréstimos que lhe fez para comprar ações do BCP) em posse da coleção, mantendo-a no CCB.

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=30&did=52538

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Participação da Insignare em Projeto Europeu Inclusive






O projeto INCLUSIVE - Involving New Communities of Learners Using Socially Inclusive Virtual Environments, apoiado pelo Programa Aprendizagem ao Longo da Vida, do qual fazem parte oito parceiros: Alemanha, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, Portugal, Reino Unido e República Checa, tem como objectivo envolver o uso das redes sociais virtuais na aprendizagem e formação de adultos. Pretende ainda responder às necessidades de ensino e de aprendizagem dos intervenientes em todas as formas de educação de adultos, quer esta seja formal, não formal ou informal, indo também ao encontro daquilo que necessitam as organizações que promovem essa educação, realizando diversos tipos de actividades de cooperação a nível europeu.
Inclui diversas mobilidades que têm a finalidade de partilhar experiências e boas práticas. Em cada mobilidade os parceiros têm uma agenda a cumprir e tarefas a realizar antes, durante e após. Na primeira mobilidade, que se realizou na Lituânia, foi delineado o plano de trabalho para o próximo encontro dos parceiros. Previamente ao encontro, a equipa da Insignare responsável pelo projeto reuniu diversas vezes a fim de organizar todo o trabalho que estava previsto apresentar. Um dos pontos da agenda consistia em levar um logótipo para ser selecionado entre os oito parceiros, tornando-se a imagem deste projeto. Assim, a equipa começou por definir uma estratégia para escolher o logótipo português: elaborar e aplicar um questionário aos adultos do CNO, para reunir elementos, tais como: símbolos, cores e palavras associados a ensino, formação, distância e internet. Lançou-se o convite a alguns adultos do CNO e alunos da EPO para participar e apresentar uma proposta. Para tal, apenas lhes foram dadas algumas informações para estes terem uma base de trabalho. Estabelecido um prazo de entrega, a equipa escolheu, com base nos resultados dos questionários, os logótipos que apresentou aos restantes parceiros.
Simultaneamente e em parceria com a Alemanha, a equipa tratou da elaboração dos questionários para os adultos e para as empresas. Estes, depois de aplicados, pretendem aferir a opinião dos seus destinatários acerca da aprendizagem e formação através de elearning.
Para finalizar a preparação da mobilidade, a equipa analisou uma matriz portuguesa para a criação de cursos elearning, assim como partilhou ideias e opiniões.
Na mobilidade que decorreu na semana passada, na Letónia, a organização ALADIN e Baltic Bright acolheu os participantes da segunda mobilidade, entre os quais a Insignare. Feito o balanço do plano de trabalho e revistas as próximas mobilidades, iniciou-se a apresentação dos logótipos dos oito parceiros e procedeu-se à votação. É de realçar que, com grande orgulho, o logótipo apresentado pela Insignare foi o preferido pela maioria.
Como já foi referido, Portugal e a Alemanha apresentaram uma proposta para os questionários, que foi debatida entre todos, tendo-se concluído a elaboração dos mesmos. Estipulou-se também a forma como serão aplicados por todos e como serão tratados os seus resultados, de forma a serem comparáveis. Sendo estes necessários para a criação de uma matriz comum para cursos elearning, foi feito um debate com vista a esclarecer algumas questões concetuais acerca da mesma.
Como estas mobilidades assentam ainda na troca de experiências e boas práticas, a organização anfitriã partilhou o seu trabalho na área da formação de adultos com a utilização do elearning, onde focou também as dificuldades sentidas pelos seus formandos, assim como pela parte da Baltic Bright.
Concluindo a ordem de trabalhos prevista para esta mobilidade, foram delineadas e distribuídas tarefas para o terceiro encontro, a realizar no País de Gales, no mês de Abril. Prevê-se a criação efetiva de uma matriz comum para criação de cursos elearning e workshops sobre o uso das tecnologias ao serviço da aprendizagem.



Foi uma semana bastante enriquecedora e de muito trabalho, mas trazemos na bagagem a sensação de missão cumprida nesta segunda mobilidade.



Sónia Pereira e Marília Matias,



membros da equipa INCLUSIVE

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Insignare com logótipo em projeto europeu Grundtvig

O projeto Grundtvig, apoiado pelo Programa Aprendizagem ao Longo da vida, do qual fazem parte oito parceiros: Portugal, Letónia, Lituânia, Polónia, Reino Unido, República Checa, Alemanha e Hungria, tem como objectivo a utilização de e-learning na educação de adultos. Este inclui diversas mobilidades que têm a finalidade de partilhar experiências e boas práticas. Em cada mobilidade os parceiros têm uma agenda a cumprir e tarefas a realizar.
Na Letónia, onde está a decorrer a segunda mobilidade, os parceiros tinham, como um dos pontos de trabalho para o primeiro dia, a apresentação das suas propostas para o logótipo oficial do projecto Inclusive. Os oito países parceiros abriram concurso nas suas organizações, para selecionar alguns logótipos para serem votados e eleger o melhor de entre todos.
Neste desafio, a equipa portuguesa deste projecto, delineou uma estratégia:

1º - elaborar e aplicar um questionário aos adultos do CNO, para reunir elementos, tais como: símbolos, cores e palavras associados a ensino, formação, distância e internet;

2º - reunir a equipa responsável por este projeto para escolher uma palavra para usar no logótipo;

3º - convidar alguns adultos do CNO e alunos da EPO a participar e apresentar uma proposta de logótipo. Para tal, apenas lhes foram dadas algumas pistas;

4º - escolher os logótipos que correspondessem aos dados obtidos através dos questionários.

Chegado o momento da apresentação portuguesa aos restantes parceiros, a ansiedade era muita e a vontade de ganhar também. Mas tínhamos bons argumentos e um logótipo fantástico, criado de raiz pelo aluno Flávio Abreu Pereira, do primeiro ano de GEI. A defesa do nosso logótipo deixou os parceiros estupefactos, poderemos até dizer, de boca aberta:


- na letra “I” podemos percecionar uma pessoa com o coração, “I” em inglês significa eu;

- dentro do coração, que simboliza a vida, está o símbolo @, que mostra o gosto por aprender, assim como as novas tecnologias. Nos dias de hoje a tecnologia é vital para a aprendizagem;

- na letra “N” visualizamos um livro aberto, também fonte de aprendizagem e semelhante ao símbolo do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida;

- a cor vermelha é comum nas bandeiras dos oito parceiros;

- a palavra “Learning” justifica-se pelo seu significado – aprendizagem, e, se a dividirmos, obtemos “learn”= aprender e “Ning” = rede social usada neste projeto.

Com tão bons argumentos, na hora da votação, Portugal foi a palavra mais ouvida por todos os que votaram. A partir de agora este logótipo será a imagem do projeto Inclusive.

Para oficializar o momento, foi assinado por todos os parceiros um certificado que será entregue ao aluno Flávio Pereira, como reconhecimento do seu bom trabalho. Um obrigada de toda a equipa Inclusive.

Sónia Pereira e Marília Matias
membros da equipa do projeto

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sobre a transferência da Jerónimo Martins para a Holanda

Declaração prévia de interesses:
a)
Tenho "telhados de vidro" (nem sempre peço fatura de tudo o que compro, por exemplo) quanto a fugir de pagar impostos;
b) Apenas respondo perante a minha consciência e esta, apesar de uma sólida educação familiar e católica (... a César o que é de César, disse o sábio dos sábios), nos últimos tempos tem vindo a caminhar no sentido de um maior neoliberalismo.
Feita esta declaração de interesses, os meus comentários são de apoio quando considero que o devo fazer, são de crítica idem.

Pessoalmente não partilho da inveja e maledicência anticapitalista nacional, desportos muito em alta sobre esta temática. Na mesma linha de raciocínio, é-me absolutamente insofismável o caráter empreendedor de Alexandre Soares dos Santos e da sua família, quer na Polónia, na Colômbia ou em Portugal, associado à objetiva Responsabilidade Social (até por ser um grande empregador, promotor e comprador de produtos nacionais). Económica e legalmente a decisão é inatacável - se há um país onde a atratividade fiscal é melhor, é obrigação de um gestor transferir a sua empresa para lá: assim o determinam os seus acionistas!
Também não me admiro que que o faça, pois várias empresas já o fizeram: quase todas as principais cotadas na Bolsa de Lisboa têm lá a sede ou uma filial, para beneficiar dos mesmos benefícios fiscais - s
e a memória não me falha, o Grupo SONAE tem várias empresas sedeadas na Holanda; a SOMAGUE foi vendida aos espanhóis da Sacyr Vallehermoso dias após o seu CEO, Diogo Vaz Guedes, ter feito um bonito discurso no Compromisso Portugal; Américo Amorim trocou o seu banco BIC por uma participação no Banco Popular - estes são alguns exemplos da memória recente.
Porquanto ser-me claro três aspetos:
1) A decisão é economicamente inatacável;
2) O nosso país, há já muito tempo
, não tem uma política competitiva de captação e manutenção de Investimento Direto Estrangeiro, pelo menos no espaço europeu;
3) Não é de admirar que a dimensão fiscal seja um dos pouquíssimos pontos onde os Estados não acordaram em transferir grande parte da sua soberania para a União Europeia, pois existem vários (Irlanda, Holanda e Luxemburgo à cabeça) que possuem sistemas fiscais onde a atratividade empresarial é muito grande, beneficiando de deslocalizações empresariais dos seus parceiros europeus.
Recentrando na decisão da Jerónimo Martins, na minha opinião a questão assenta em três pontos:
a) Eticamente, e de agora em diante, os gestores de topo do grupo do grupo deveriam abster-se de emitir qualquer opinião sobre a condução económica do país, uma vez que contribuíram, no seu quinhão, para o seu agravar;
b) Socialmente, o exemplo de "fuga aos impostos" é claro, contribuindo para a imagem, formulada pelo cidadão comum, que neste país os ricos são sempre poupados (lembrei-me da máxima do PREC "os ricos que paguem a crise", e sabemos onde isso nos levou...);
c) Fiscalmente, o seu exemplo e o de todas as empresas que deslocalizaram a sua sede para a Holanda e outros países fiscais, leva a um acréscimo permanente da carga fiscal sobre os "tansos fiscais", como dizia Leonardo Ferraz de Carvalho, isto é, aqueles que não conseguem replicar este exemplo vindo de cima.
Duvido, em conclusão, que este tema ainda esteja em cima da mesa daqui a algumas semanas, quando a indignação mediática passar e a espuma dos dias se dissipar...