quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
EPO lança logótipo “20 anos de Ensino Profissional em Ourém”
sábado, 20 de fevereiro de 2010
O que construí na minha vida após a conclusão do 12º ano?
Célia Silva
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Fórum Emprego e Formação
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Um misto de sensações ...
Mais vale tarde que nunca!
Muito por aqui se escreve e não queríamos de modo algum que o nosso blog ficasse sem a nossa participação. Mas, será que ele poderia viver sem o nosso contributo? Poderia, mas não era a mesma coisa! Por isso é com imenso prazer que vimos fazer a nossa “inauguração” neste espaço.
O nosso papel no CNO faz com que tenhamos um contacto próximo com os adultos, onde, por entre sessões de descodificação do referencial, sessões de reconhecimento, sessões de formação complementar e sessões de júri, nos vão mostrando o que sentem ao longo do processo.
Como uma imagem vale mais do que mil palavras, observem:
Se calhar perguntam-se de que forma esta imagem transmite as sensações, sentimentos, angústias,… dos nossos adultos. Mas reparem:
É assim que os encontramos numa fase inicial, quando lhes fazemos a sessão de descodificação, as ideias parecem estar todas baralhadas... Chegam mesmo a perguntar “Por onde começo?”, “O que tenho de fazer?”, “Tenho de demonstrar isso tudo?”, “Já deixei a escola há tanto tempo…”.
Ter de trabalhar com o computador, descrever a história de vida, coisas que já aconteceram há muitos anos, que estão guardadas no baú das recordações, é um misto de sensações, de sentimentos, ansiedade, (des)ânimo, persistência, cansaço, entusiasmo,... “Serei capaz?”, “Acho que vou desistir.”, “Não tenho tempo.”.
Mas depois eis que se faz luz e tudo parece encaixar. O referencial, as competências, as palavras, a história de vida, as reflexões, tudo começa a fazer sentido. A vontade de continuar volta a dar frutos e isso reflecte-se no empenho. O espírito de grupo faz com que vejam nas dificuldades oportunidades para continuar.
E é mesmo com a vontade de continuar, que sem se aperceberem chegam ao fim. O Processo que no início era duvidoso para alguns já traz saudades. “E agora o que vou fazer naquele dia à noite em que ia para a sessão?”, “Até das exigentes formadoras vou ter saudades…”
Pois é, é assim que no final se despedem de nós, mas acreditamos que:
Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós… Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.
Parabéns a todos os utentes que nunca desistiram, não deixaram de acreditar neles e realizaram um sonho, obter o 9º ano.
As formadoras Rita e Sónia
Processo RVCC - Testemunho de um Adulto Certificado
O sistema RVCC não é mais que o preenchimento (reposição) de uma lacuna, uma forma compensatória da discriminação que a própria sociedade vai impondo, de forma involuntária, a muitos de nós, membros desta mesma sociedade porque, por não sermos todos iguais, não tivemos todos as mesmas oportunidades.
Estas iniciativas são muitíssimo valorizadoras, pois quem julgava estar tudo perdido e sem forma de continuar e acabar o que tinha começado, muitas das vezes há algumas dezenas de anos, pode sem dúvida renovar o passado com a ajuda do presente.
É sem dúvida o reconhecimento merecido de uma aprendizagem contínua na vida do cidadão comum.
Por isso gostaria de dizer que a experiência conta muito e conta por vezes tanto ou mais que qualquer estudo feito nas melhores universidades.
E para argumentar daria alguns exemplos e colocaria algumas questões que vão ficar sem resposta por parte de alguns controversos colegas de curso:
Quantas licenciaturas tinha Luís Vaz de Camões, quando escreveu os Lusíadas?
Quantas licenciaturas tem José Saramago?
Quantas licenciaturas possui o homem mais rico de Portugal, o Sr. Américo Amorim.
Porque a experiência conta e nós contamos com os que têm experiência.
Lemos os livros dos que mal foram à escola.
Trabalhamos para indivíduos, que apenas têm a experiência de vida, mas que empregam milhares de pessoas de uma forma muito humilde.
Utilizamos, constantemente, utensílios criados e aperfeiçoados, por gente que apenas tem experiência, mas com essa experiência os idealizou.
E somos seguidores de tantos sábios e ideologistas carismáticos, sem qualificação certificada.
Certamente que todos os mencionados e outros que continuam anónimos, mereceriam e merecem o título honorífico do Grau de Doutoramento.
É de facto verdade, todos precisamos de todos e nós todos formamos um só, com o conhecimento de todos. É de facto com a união de sinergias que se avança no progresso racional sustentado.
Este exemplo que aqui vou expor é a prova disso mesmo.
Um cientista estudava uma tribo indígena indonésia, que vivia numa ilha deserta, sem qualquer tipo de meio de comunicação.
Quando se formou o tsunami, que devastou cidades costeiras inteiras em vários países e vitimou largas dezenas de milhares de pessoas, o tal cientista voltou a essa ilha deserta, pois já não ia lá há uns 3 anos. Reuniu os seus utensílios e preparou-se para o pior, como sobreviveria uma tribo sem cultura, sem meios de comunicação e sem grande capacidade de sobrevivência aparente. Seria impossível!
Pois quando chegou à ilha, o seu espanto foi total, todos tinham sobrevivido.
Eles contaram-lhe que têm, por experiências passadas, fugido para a montanha quando o mar de retira anormalmente, pois quando volta é para redefinir fronteiras com a terra. (fonte Nacional Geographic).
Saberiam eles mais que as sociedades civilizadas onde existem tecnologias de ponta de toda a ordem? Onde a informação percorre o mundo à velocidade da luz e estamos sempre on-line com o mundo.
Certamente a experiência conta e conta tanto que os salvou de uma morte certa.
Por tudo isto, a universidade da vida é experiência, que por sua vez é saber e o saber é conhecimento.
E porque a experiência é conhecimento, deve existir um Reconhecimento.
E porque é reconhecidamente válida, deve existir uma Validação.
E porque a experiência da vida nos dá Competências, estas competências são, muito simplesmente, saber se esse conhecimento deve ser valorizado de uma forma simples, como a escola da vida o é, através da obtenção de uma Certificação.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Novas Oportunidades a Ler +
Das diferentes vertentes de intervenção pensadas para os diferentes níveis etários, tem para nós particular interesse o projecto Novas Oportunidades a Ler+. São as seguintes as linhas de orientadoras:
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Vem isto a propósito daquilo que faço todos os dias: trabalhar num Centro Novas Oportunidades. Já lá vão mais de cinco anos que também eu agarrei esta oportunidade. Do início. Assisti ao nascer de um Centro. Tudo era novo, para mim e para as pessoas com quem trabalhei. Todos os aspectos tiveram de ser pensados. Uns sozinhas, outros pelo velho método da tentativa-erro, outras ainda com a precisosa ajuda de pessoas excelentes que encontrámos noutros Centros. Tudo acabou por correr bem. A iniciativa Novas Oportunidades ainda não estava lançada, eramos apenas um Centro RVCC. Estavámos, ainda, em ambiente protegido. A escala era bem mais pequena. Mas desse tempo até hoje, muita coisa mudou. Hoje toda a gente fala das Novas Oportunidades e muita gente tem uma opinião. Uns com conhecimento de causa, outros porque ouviram dizer. Eu sei o que se passa no meu Centro. Eu sei o que tenho visto nestes últimos cinco anos e meio. Porque os tenho vivido por dentro. Desde a dimensão que a Iniciativa ganhou, às mudanças que têm ocorrido nas estruturas centrais, na legislação e nas orientações técnicas. Ao alargamento das equipas, ao alargamento das ofertas de certificação. À dificuldade de implementar uma vertente de certificação profissional, para a qual o sistema ainda não está preparado. Às perguntas fundamentais a que ninguém me sabe responder. Às dúvidas existenciais sempre que leio críticas destrutivas (algumas que me dão vontade de rir pelo desconhecimento que manifestam). Às dúvidas sobre a importância e validade daquilo que eu e uma equipa de 14 pessoas fazemos diariamente. E aos muitos esforços pessoais que isso implica. É impossível não me questionar. Tudo isto valerá a pena?
Às vezes preciso de parar. De me afastar e observar. De olhar para os números. Porque eles também me dizem alguma coisa. E percebo que apesar de estarmos no terreno há 8 anos, as inscrições continuam a chegar-nos. As pessoas continuam a sair com um sentimento de satisfação pelo diploma que conseguiram. A dizer que valeu a pena. E quase metade dos que daqui saem com um diploma, continuam a procurar a formação. Que lhes enriqueça a experiência de vida, que lhes abra mais horizontes. Alguns já o faziam, outros descobrem-no agora. E mesmo aqueles que anseiam pelo dia de Júri para poderem guardar o dossier lá em casa, como se de uma herança premeditada se tratasse, mesmo esses já perceberam que afinal a vida tem outras possibilidades. Esses até passaram a ter um computador em casa ou simplesmente perderam o medo de lhe mexer. Porque o computador era para o filho, ele é que anda na escola. Mesmo esses perceberam que afinal até conseguem escrever um texto, ler um livro, fazer uma pesquisa, perceber uma lei da física. Mesmo alguns desses resolveram um medo que persistia, o da escola. E com ele o de não ser capaz.
E é nestes momentos que percebo que afinal as minhas angústias e dúvidas existenciais não são nada. Porque tudo isto tem um alcance bem maior. Neste momento são já mais de 900.000 os inscritos nos Centros Novas Oportunidades. Sem contar com as inscrições directas em Cursos de Educação e Formação de Adultos. Algum programa de ensino neste país conseguiu esta mobilização? Quantas destas pessoas ainda pensavam voltar à escola? Quantas destas pessoas deixariam a rotina das suas vidas para se proporem a esta experiência, que também lhes traz angústias e dúvidas existenciais? Porque mexe com elas, porque mexe nas rotinas instaladas.
Alguma coisa estas pessoas procuram e alguma mudança este movimento há-de trazer. E é por isso que eu acredito que o meu trabalho vale a pena. O meu e o das restantes pessoas com quem trabalho todos os dias e que dedicam muito do seu empenho e tempo pessoal. Porque o fazem com dedicação. Afinal, é a vida das pessoas que é a nossa matéria-prima. E isso toca-nos.
Mal de nós se a aprendizagem se limitasse aos bancos da escola. Aí construímos as bases. As verdadeiras competências, as mais sólidas, as que perduram, fazem-se na escola da vida. São processos que se completam e não concorrentes.
Um grande bem-haja a todos os que não param e que continuam a sonhar. Mesmo com angústias e dúvidas existenciais. Não é isso que nos move?
Célia Silva (Coordenadora do CNO)
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
"Competências para a Vida"
Alguns resultados de um destes estudos, o IALS - International Adult Literacy Survey (realizado entre 1994 e 2000), foram apresentados no 3º Encontro Nacional de Centros Novas Oportunidades, que decorreu em Dezembro em Lisboa.
Deixo aqui a apresentação.
competências para a vida
Para mim, há muito trabalho a fazer. Não me restam dúvidas de que a aprendizagem ao longo da vida é essencial nos dias que correm.
Célia Silva, (Coordenadora do CNO)
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
IDEIAS DE UM DIRECTOR EM INÍCIO DE FUNÇÕES
Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,
Como as pedras na orla dos canteiros
Não tenhamos melhor conhecimento
Mais de 20 anos depois de se ter iniciado a aventura da Escola Profissional de Ourém, é da mais elementar justiça saudar o trabalho desenvolvido por quem comigo trabalhou durante 7 anos, e que depois me substituiu levando esta Escola à dimensão que hoje conseguiu atingir. Peço para a Drª. Purificação Reis uma merecidíssima salva de palmas.
Um agradecimento muito especial também para o Dr. Pedro Pereira, que sem qualquer apego imaginável aos lugares públicos, assumiu a missão, no desempenho do cargo de Presidente da ACISO de manter o rumo que esta casa sempre soube assegurar. Para ele um agradecimento muito especial e também uma merecida salva de palmas.
Mais de 20 anos depois desta casa ter iniciado a sua actividade, relembro todos aqueles que pelos infortúnios da vida fomos perdendo, mas que para sempre ficarão na nossa memória.
Mais de 20 anos depois e neste momento que agora vivemos, agradeço o convite que me foi endereçado pelas entidades proprietárias da INSIGNARE – Câmara Municipal de Ourém, ACISO, Centro de Estudos de Fátima e Entidade Regional de Turismo de Leiria/Fátima. Agradeço o convite e a confiança em mim depositada. Como eles sabem, tudo farei para não defraudar as suas expectativas.
Duas semanas após ter assumido a responsabilidade de dirigir os destinos da INSIGNARE, solicitei à sua Direcção a realização desta reunião geral, com o objectivo de vos comunicar aquilo que são os objectivos desta entidade a curto e médio prazo, em suma, aquilo que acredito serão os objectivos futuros de todos aqueles que queiram abraçar este projecto. Os que nele possam ver qualquer inconveniente ou se sintam menos motivados, relembro o provérbio popular de que “a porta da casa é a serventia da rua”. Não nos fazem falta nenhuma e por favor não nos estorvem!
Mas vamos ao que interessa:
1. A INSIGNARE é uma entidade financeiramente saudável, garante dos seus compromissos e com capacidade própria de crescimento sustentado.
2. Possui uma estrutura administrativa competente e adequada às suas necessidades;
3. Apresenta debilidades ao nível pedagógico, fruto de uma sobrecarga funcional no seu Director e da especificidade de se repartir por dois locais distintos de formação;
4. Em face disso, criou zonas sombra, indistintas de poder, que justificam pequenas quezílias e um agastamento motivacional dos seus profissionais;
5. A sua estrutura orgânica e as suas lógicas de contratação (de que serei eu um dos principais responsáveis), provocarão a médio prazo uma inevitável situação de falência técnica, caso não se inverta no imediato a sua estratégia de desenvolvimento. Muitas das escolas profissionais que iniciaram a sua actividade em simultâneo com a Escola Profissional de Ourém, atravessam actualmente uma fase muito difícil e é previsível que se vejam obrigadas a encerrar nos próximos dois anos. Não precisarei de referir nomes, por uma questão de respeito, mas as notícias têm corrido pela nossa comunicação social regional;
6. Daí que seja fundamental inverter posicionamentos, reforçar motivações e investir. Investir para crescer. Crescer para consolidar. O que propomos no imediato:
6.1. Aumentar a lotação da sede de 280 para 300 alunos;
6.2. Aumentar a lotação do Pólo de 165 para 253 alunos;
6.3. Garantir que em Setembro deste ano as duas Escolas conseguirão angariar, mais 230 novos alunos;
6.4. Reclassificar a designação do Pólo em Escola de Hotelaria de Fátima;
6.5. Iniciar o processo de construção da Escola de Hotelaria de Fátima;
6.6. Reorientar a Escola Profissional de Ourém para áreas tecnológicas inovadoras (ambiente, energia, design, comunicação);
6.7. Reforçar o esforço na área da Formação Contínua, para uma oferta de formação não financiada;
6.8. Reforçar o posicionamento do Centro de Novas Oportunidades para as áreas profissionais da Hotelaria e Turismo;
6.9. Alargar a oferta formativa para lá dos limites do Concelho de Ourém;
6.10. Reestruturar o Organograma Funcional de acordo com estas novas necessidades;
6.11. Estabelecer competências, poderes e responsabilidades;
6.12. Negociar até final do corrente mês, individualmente, um compromisso de objectivos até ao próximo mês de Julho;
6.13. Reequilibrar os níveis remuneratórios ao nível dos quadros de gestão intermédia;
6.14. Centralizar na Sede da INSIGNARE, em Ourém, o esforço de gestão das 4 estruturas: Escola Profissional de Ourém, Escola de Hotelaria de Fátima, Centro de Formação Contínua e Centro de Novas Oportunidades;
6.15. Reestruturar espaços, equipar, mobilar, em suma, garantir condições para aumentar os níveis de exigência;
6.16. Mais salas de aula em Ourém, mais 4 salas de aula em Fátima;
6.17. Assumir a designação INSIGNARE como marca da entidade proprietária e realçar as marcas Escola Profissional de Ourém e Escola de Hotelaria de Fátima. Associar o Centro de Formação Contínua e o Centro de Novas Oportunidades às marcas das Escolas de acordo com as áreas de formação a desenvolver;
6.18. Elaborar e realizar uma Campanha de Comemoração dos 20 anos da Escola Profissional de Ourém, alavanca para o relançamento da nova oferta formativa e das restantes áreas de actividade;
6.19. Lançar de imediato 4 novas unidades operacionais: Unidade de Inserção e Acompanhamento, Unidade de Educação Sexual e Unidade de Comunicação e Imagem e Unidade de Cooperação Internacional.
7. Reconhecemos a ambição daquilo a que nos propomos, única razão que nos levou a aceitar este desafio. Reconhecemos igualmente que nada disto pode ser feito individualmente. Tem que ser um projecto de todos, porque todos ficaremos a ganhar. É para isto que vos convido. Para terem ambição, empenhamento, rigor e atitude. E é isso que espero de cada um de vós.
8. Termino com uma citação de Herberto Helder, poeta que sempre me tem acompanhado:
“Há tantos anos vive o pássaro na gaiola que pode hoje voar por entre as nuvens.”
Muito Obrigado a todos!
Francisco Vieira