quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Dia Mundial da Terceira Idade


Amanhã comemora-se o Dia Mundial da Terceira Idade.

O dia 28 de Outubro foi proclamado pelas Nações Unidas como Dia Mundial da Terceira Idade para alertar as pessoas, de uma forma geral, da situação financeira, social e afetiva que se vive nesta faixa etária.

A velhice constitui um problema social nas sociedades modernas, devido a fatores como a evolução da medicina que, em consequência, promoveu o aumento da esperança média de vida e a mudança da condição social da mulher (entrada para o mercado de trabalho). A mulher é considerada a potencial cuidadora (por natureza) e ao estar parte do seu dia ocupada com a sua função profissional, deixou de ter tanta disponibilidade e condições para assegurar o cuidado devido ao idoso.

As pessoas nesta fase da sua vida encontram-se debilitadas e fisicamente limitadas, pelo que necessitam de atenção e cuidado extremo. Infelizmente, há muitas famílias que simplesmente não querem tomar conta dos seus progenitores ou que não reúnem condições para o fazer. Muitas são as situações que nos vão chegando de maus-tratos a idosos, quer em contexto familiar, quer institucional, e que nada correspondem ao que é socialmente esperado. Claudine Attias-Donfut utiliza o termo laço de reciprocidade para definir o que é esperado: que as ajudas prestadas pelos familiares liquidem a dívida resultante de uma dádiva recebida anteriormente. De facto, é uma ideia que faz sentido, mas que na sua maioria não é cumprida e muitos são os idosos que vivem desamparados, sem qualquer apoio dos seus familiares. Esquece-se que ao ignorá-los está a impedir-se a cooperação e a partilha de saberes entre as diferentes gerações.

Vivemos numa sociedade que valoriza cada vez mais o “eu” e se esquece que o “nós” está na base de uma sociedade íntegra, justa e solidária. Também não nos podemos esquecer que um dia seremos nós a envergar o título de “velho” do qual nos devíamos orgulhar pelo que vivemos, construímos e contribuímos e, no entanto, com alguma probabilidade estaremos a sentir-nos como muitos idosos se sentem hoje, abandonados e maltratados.

Deixo, assim para reflexão:

“Conta-se que, há muitos anos, numa terra longínqua, sempre que alguém atingia uma idade avançada, o seu filho entregava-lhe um cobertor e abandonava-o num monte, onde ficava a aguardar a morte. Certo dia, um idoso, ao chegar a sua vez de ser deixado no referido monte, devolveu o cobertor ao filho, dizendo-lhe: "fica com ele, assim já terás dois cobertores para te aqueceres quando também chegar a tua vez de para aqui vires". Só então o filho se apercebeu de quão terrível era aquele costume e trouxe o pai de volta ao seio familiar”.

Elsa Fonseca (Formadora CP)


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