quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Por Portugal


Pelas redes sociais vou descortinando breves comentários sobre aquilo que outros países, caídos em semelhante desgraça económica, vão equacionando fazer para se livrarem de uma eminente falência e das nefastas consequências que se lhe seguirão. Admito prestar pouca atenção aos doutos comentários das nossas permanentes figuras televisivas que normalmente acertam sempre porque para eles “prognósticos só no final do jogo”, vomitando uma inesgotável verborreia, sobre tudo e sobre todos, típica daqueles que apenas falam sem nunca nada terem feito. Admito ler de menos, o que lamento, mas que me vai assegurando uma sanidade mental mínima e uma opinião própria, que cultivo e estimo. Gosto de idealizar, inovar, projectar, construir, consolidar, em suma, trabalhar. E talvez por isso gosto cada vez mais daqueles que fazem o mesmo, ou talvez mais ainda, não tendo qualquer disponibilidade para a maledicência, a inveja, a hipocrisia e a mentira. Não gosto dos que têm medo de ter opinião e se escondem na ambivalência das palavras e no comodismo da nossa alternância partidária. Gosto de gente corajosa e de atitude positiva, que não passa a vida a lamentar-se daquilo que alguém devia ter feito por ela ou a procurar para o sucesso dos outros as maquiavélicas justificações e caladas acusações. Gosto de gente simples e solidária. E gosto tanto, que acredito lhes estará reservada a missão de levantar das cinzas os restos deste nosso pequeno País, varrendo definitivamente uma classe política oportunista e gasta, consumida nas suas próprias incoerências e apenas mantida pela ignorante preguiça deste Povo.
Outros países vão equacionando corajosas medidas para reduzir os seus níveis de despesa, abrindo ao debate público medidas que por cá todos dizem concordar mas ninguém tem coragem política de publicamente abordar, quanto mais implementar. Reduzir o número concelhos, procurando coerência territorial, melhores serviços e menos gastos. Adequar o seu número de trabalhadores às reais e urgentes necessidades das populações. Fechar instituições públicas de duvidoso interesse colectivo e fundir outras que pela similitude da sua actividade assim o permitam. Acabar com os Governos Civis. Aligeirar a pesada máquina político-administrativa instalada em Lisboa, reduzindo o número de ministérios, secretarias de estado, institutos e tudo aquilo que daí deriva e aí encontra a sua sustentação, lá ou discretamente espalhado por todo o País.
Não temer atitudes de exigência e esforçado rigor. Ensinar aos nossos jovens a superior honra que é o trabalho, libertando-os do facilitismo para onde os conduzimos nesta metafórica epopeia de acreditarmos ser mais ricos do que aquilo que realmente somos (o Relatório Pisa, da OCDE, comprova que os nossos jovens com 15 anos são hoje melhores, tendo evoluído no domínio dos conceitos elementares de ler, escrever e contar). Distinguir socialmente o voluntariado e promover a inovação e a iniciativa. Recolocar o País e o seu Povo no difícil caminho da realidade, e acreditando, iniciar a reconstrução de um novo paradigma social, dignificando o nosso Passado e projectando o nosso Futuro.
Tudo isto, apenas isto, por Portugal.

Francisco Vieira
Director Executivo da Insignare
In Jornal de Leiria 09 de Dezembro de 2010

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