quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Processo RVCC - Testemunho de um Adulto Certificado

“… é uma enorme oportunidade que nos é proporcionada. Não pelo facilitismo, ou até por fazer diminuir um pouco os números das estatísticas do analfabetismo.
O sistema RVCC não é mais que o preenchimento (reposição) de uma lacuna, uma forma compensatória da discriminação que a própria sociedade vai impondo, de forma involuntária, a muitos de nós, membros desta mesma sociedade porque, por não sermos todos iguais, não tivemos todos as mesmas oportunidades.
Estas iniciativas são muitíssimo valorizadoras, pois quem julgava estar tudo perdido e sem forma de continuar e acabar o que tinha começado, muitas das vezes há algumas dezenas de anos, pode sem dúvida renovar o passado com a ajuda do presente.
É sem dúvida o reconhecimento merecido de uma aprendizagem contínua na vida do cidadão comum.
Por isso gostaria de dizer que a experiência conta muito e conta por vezes tanto ou mais que qualquer estudo feito nas melhores universidades.
E para argumentar daria alguns exemplos e colocaria algumas questões que vão ficar sem resposta por parte de alguns controversos colegas de curso:
Quantas licenciaturas tinha Luís Vaz de Camões, quando escreveu os Lusíadas?
Quantas licenciaturas tem José Saramago?
Quantas licenciaturas possui o homem mais rico de Portugal, o Sr. Américo Amorim.
Porque a experiência conta e nós contamos com os que têm experiência.
Lemos os livros dos que mal foram à escola.
Trabalhamos para indivíduos, que apenas têm a experiência de vida, mas que empregam milhares de pessoas de uma forma muito humilde.
Utilizamos, constantemente, utensílios criados e aperfeiçoados, por gente que apenas tem experiência, mas com essa experiência os idealizou.
E somos seguidores de tantos sábios e ideologistas carismáticos, sem qualificação certificada.
Certamente que todos os mencionados e outros que continuam anónimos, mereceriam e merecem o título honorífico do Grau de Doutoramento.
É de facto verdade, todos precisamos de todos e nós todos formamos um só, com o conhecimento de todos. É de facto com a união de sinergias que se avança no progresso racional sustentado.
Este exemplo que aqui vou expor é a prova disso mesmo.
Um cientista estudava uma tribo indígena indonésia, que vivia numa ilha deserta, sem qualquer tipo de meio de comunicação.
Quando se formou o tsunami, que devastou cidades costeiras inteiras em vários países e vitimou largas dezenas de milhares de pessoas, o tal cientista voltou a essa ilha deserta, pois já não ia lá há uns 3 anos. Reuniu os seus utensílios e preparou-se para o pior, como sobreviveria uma tribo sem cultura, sem meios de comunicação e sem grande capacidade de sobrevivência aparente. Seria impossível!
Pois quando chegou à ilha, o seu espanto foi total, todos tinham sobrevivido.
Eles contaram-lhe que têm, por experiências passadas, fugido para a montanha quando o mar de retira anormalmente, pois quando volta é para redefinir fronteiras com a terra. (fonte Nacional Geographic).
Saberiam eles mais que as sociedades civilizadas onde existem tecnologias de ponta de toda a ordem? Onde a informação percorre o mundo à velocidade da luz e estamos sempre on-line com o mundo.
Certamente a experiência conta e conta tanto que os salvou de uma morte certa.
Por tudo isto, a universidade da vida é experiência, que por sua vez é saber e o saber é conhecimento.
E porque a experiência é conhecimento, deve existir um Reconhecimento.
E porque é reconhecidamente válida, deve existir uma Validação.
E porque a experiência da vida nos dá Competências, estas competências são, muito simplesmente, saber se esse conhecimento deve ser valorizado de uma forma simples, como a escola da vida o é, através da obtenção de uma Certificação.
Júlio Pereira

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