segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A CENTRALIDADE DE OURÉM (III)

Termino hoje este solitário exercício. Releio os textos anteriores e relembro os dados que fui comparando. População, número de empresas, volume de negócios, número de trabalhadores, número de estabelecimentos hoteleiros, camas instaladas e dormidas vendidas. Abordei os territórios que compreendem o Pinhal Interior Norte, Pinhal Litoral e Médio Tejo. Conclui que considerando as áreas antes enunciadas, o concelho de Ourém ocupa uma terceira posição em matéria de população e actividade económica e uma posição cimeira no que ao turismo diz respeito. Admiti que algumas destas conclusões não fossem assim tão óbvias para a generalidade dos leitores, perspectivando alguma injustiça numa equilibrada distribuição do investimento público. Não sendo essa a motivação inicial, tentei encontrar dados, sistematizados, que me permitissem confirmar esse desequilíbrio. Em boa verdade, não os consegui encontrar e aqueles a que tive acesso respeitam o peso dos dados anteriormente referidos. Não quero com isto dizer que não sinta ou pressinta, que nesta matéria existiram dois pesos e duas medidas. Basta olhar para a área da saúde e confirmar quanto foi esquecido o concelho de Ourém. Tendo mais população e criando mais riqueza e emprego que Tomar, Torres Novas e Abrantes não possui nenhum hospital a exemplo do que se verifica nestes concelhos. Ou até como Pombal que podendo ser equilibradamente comparado com Ourém, possui esse tipo de fundamental infra-estrutura. Que critérios presidiram a estas decisões? Num tempo em que se fala na necessária redução de custos na área da saúde, defende Ourém que o seu Centro de Saúde não passe a encerrar no período nocturno e procura meios, que parecem não existir, para a aquisição de ambulâncias que garantam cuidados adequados no transporte dos seus munícipes. Defende-se a autorização que permita aos ourienses serem preferencialmente transportados para o Hospital de Leiria, em detrimento de longas e incompreensíveis deslocações para Tomar ou Abrantes. Nesta matéria parece-me que continuamos a falar muito baixo, não conseguindo fazer ouvir a dimensão da injustiça e a nossa indignação. Admito que tal se ficou a dever à nossa incapacidade reivindicativa, à força dos nossos líderes políticos, à inexistência de um sentido colectivo, ao posicionamento territorial onde nos inserimos.

Ao procurar encontrar e afirmar uma centralidade para Ourém, reconheço que o posicionamento de charneira que nos caracteriza e que por vezes nos faz parecer uma desvairada bola de pingue-pongue, saltitando entre entidades, de raiz e objectivos iguais, a Norte e a Sul, nos tem fortemente prejudicado. Considero de um bacoco provincianismo, aqueles que ao longo de anos defenderam esta postura de esperteza saloia. Sempre acreditei na dimensão aglutinadora de Leiria nas dinâmicas deste território, mas muito pouco vi fazer a Leiria para afirmar a sua incontestada liderança. E é essa incapacidade, que me parece querer manter-se, que deverá levar Ourém a procurar o seu próprio espaço, a sua dimensão de centralidade. Aguardo com expectativa trabalho encomendado pelo Município de Ourém que abordará certamente esta matéria. Talvez que uma visão exterior nos permita ver aquilo que continuadamente temos ignorado. Resta-me essa esperança.

Francisco Vieira
Presidente da direção da ACISO

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