quarta-feira, 14 de abril de 2010



Escolhas Morais: A tolerância religiosa como meio de preservar um património comum da humanidade

“Uma só religião não poderia satisfazer a todos. (…) Várias crenças poderão dar resposta às aspirações de mais seres. (…) Apesar das diferenças fundamentais de abordagem filosófica, quase todos os ensinamentos põem em evidência a importância do amor, da compaixão, do perdão e da tolerância. Tudo isto constituiu um património comum.”
Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama, A palavra do Dalai Lama

A religião surge como um meio do ser humano relacionar-se com uma entidade superior e o de atribuir um significado à sua existência, eliminando as fragilidades pessoais e sociais com base num único suporte: a fé.
O homem é por natureza um ser religioso e não existe sociedade que, no seu seio, não tenha práticas ou símbolos expressivos de uma religião, definindo ideais e garantindo a coesão entre os seus membros. Por este facto as diferentes culturas apresentam uma religião como referência, sendo que a coexistência destas poderá contribuir para a construção de um mundo mais humano baseado na promoção do bem comum ou, por outro lado, gerar divisões fundamentadas em conflitos religiosos e consequentemente originar guerras sociais.
A história das sociedades revela o perigo dos fanatismos se converterem em conflitos e a actualidade atesta esta problemática (em nome do bem alguns islâmicos perpetram ataques contra os Estados Unidos da América ou as constantes lutas entre israelitas e palestinianos).
Neste contexto importa recordar a Carta sobre a Tolerância de John Locke, sublinhando a importância de separar a Igreja do Estado e realçar os pontos comuns entre as diferentes religiões: o culto como forma de eliminar o sofrimento humano, o reconhecimento de um ser supremo, a descrição dos seus princípios em livros sagrados e sobretudo a orientação dos seus crentes para o bem comum no respeito pela dignidade humana e pela justiça.
Acredita-se hoje na importância do diálogo entre o estado e as diferentes religiões, com o intuito de se assumirem compromissos comuns com base na aceitação, no respeito, na tolerância e na recuperação do verdadeiro sentido da religião: a compreensão do mundo e a prática do bem através de condutas solidárias e altruístas.



Neste contexto e estando nós tão próximos do altar do mundo vale a pena pensar na importância da tolerância religiosa, do respeito pelas diferentes escolhas morais na promoção da preservação do património e da solidariedade como meio de humanizar a sociedade.
Tânia Bilreiro

Para saber mais recomendo…
Ling, Trevor, História das Religiões, Lisboa. Editorial Presença, 1994.
ODEA, Thomas, Sociologia das Religiões, Biblioteca Pioneira, 1969.
LOUREIRO DA CRUZ, Ramiro, “O Desafio do nosso tempo”, in Revista Além-Mar, Janeiro, 2007.

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